Como apresentar ou reapresentar dois gatos

30/07/2015=^.^=

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A primeira impressão realmente é a que fica. Pelo menos para os gatos. Quando a coisa começa com garras e dentes, existe uma boa chance de continuar com garras e dentes por um bom tempo. É mais uma das infinitas sabedorias da natureza para garantir a sobrevivência dos peludos, e mais uma vez cabe a nós humanos entrar no mundinho deles para fazer uma amizade entre dois gatos começar – e se manter – com boas impressões. E se a coisa der errado mesmo assim, hora de começar tudo de novo! Paciência é a chave.

OBS: Esse passo a passo também serve para fazer as pazes entre gatos que já convivem juntos mas brigam ou disputam recursos.

 

A única coisa que você NÃO deve fazer

Imagine acordar e encontrar um estranho na sua sala. Nada legal, certo? Você provavelmente iria pegar a primeira coisa que estivesse à mão para brigar e defender seus peludos, não é?

Com os gatos não é diferente. Eles são animais muito territoriais e qualquer outro gato na área deles é imediatamente considerado um intruso e uma ameaça. A maioria não vai parar para perguntar o que ele está fazendo ali, como você e o estranho na sala, e vai atacar na primeira oportunidade. Por isso NUNCA coloque dois ou mais gatos desconhecidos no mesmo ambiente “para ver no que dá”, porque o que você provavelmente vai ver é uma briga feia.

Dois gatos podem se dar bem logo de cara, nada é impossível. Mas é uma situação tão rara, e é tão difícil apagar uma primeira má impressão, que simplesmente não vale o risco. E afinal não é justo dar um susto no seu miau colocando um intruso no meio da sala dele! Lembre-se: paciência é a chave!

 

O que você DEVE fazer (e em ritmo de gato!)

Para que dois ou mais gatos se aceitem, eles precisam adaptar-se um ao outro (s). Isso envolve mostrar para todos os gatos da casa que ninguém é aquele intruso na sala e que a presença do outro é uma coisa boa e não uma ameaça.

As melhores ferramentas para alcançar isso são o tempo e a aproximação em etapas. Como os gatos percebem o mundo de uma maneira diferente da nossa, essas etapas devem pensadas e executadas com base nos sentidos mais importantes para eles.

 

Etapa 1 – Olfato: Cômodos separados

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Antes de levar o gato novo para casa, prepare um cômodo isolado para ele. Nos primeiros dias, é importante que ele sinta-se seguro e o único contato que ele deve ter com o gato antigo é olfativo: eles devem sentir apenas o cheiro um do outro. A princípio não se preocupe em como fazer isso, o vão embaixo da porta já é suficiente para eles conseguirem se cheirar e se escutar.

Quando o gato novo estiver tranquilo no ambiente, comendo e usando a caixinha, você pode começar a “trocar” cheiros. Pegue um par de meias (limpas!) e esfregue bastante uma em cada gato, nas costas, na bochecha. Depois, coloque a meia com o cheiro do gato novo no ambiente do gato velho e vice-versa. Não force o gato a se aproximar da meia, ele irá fazer isso por conta própria quando estiver confiante.

Assim, você está dizendo em língua de gato “nada muda com o cheiro desse cara aqui, tudo fica igual, ele não é ameaça”. Para ajudar, inclusive, você pode deixar petiscos perto das meias e depois de um tempo até colocá-las próximas do pratinho de comida, assim um irá associar o cheiro do outro com uma coisa boa.

Sinta o ambiente e o estado emocional de cada gato. Quando perceber que eles estão ficando mais e mais à vontade, faça novas associações boas. Um truque maravilhoso é passar um brinquedo de corda de duas pontas debaixo da porta e deixar que eles brinquem cada um do seu respectivo lado. Eles sabem que o outro está atrás da porta, e percebem que podem se divertir juntos.

Em qualquer momento dessa etapa, desde que o gato novo já esteja comendo e usando a caixinha, você pode começar a intercalar ambientes, para evitar eles assumam uma posição de defesa em relação a seus respectivos cômodos. O gato da sala vai dar uma voltinha no quarto por algumas horas, e o do quarto vai para a sala. Só lembre-se de que eles ainda não devem ver um o outro, essa é a próxima etapa.

 

Etapa 2 – Visual: Eu vejo você

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Quando estiverem acostumados com o cheiro, está na hora de eles se acostumarem com a aparência. Isso pode ser questão de dias ou semanas após a chegada do gato novo, não existe um período estabelecido, afinal cada gato é um gato.

Alguns indicativos de que está na hora de iniciar a etapa visual envolvem parar de se importar com a meia e o cheiro do outro gato, parar de chiar para a porta e mostrar confiança (ficar de rabo erguido, andar no meio do cômodo, dormir em qualquer lugar e não escondido, etc.).

Quando ambos estiverem nesse estado, eles podem começar a se ver, mas sem contato físico. Existem várias formas de fazer isso, a melhor é separá-los por uma porta de vidro ou de tela e deixar que comam petiscos simultaneamente, um vendo o outro a certa distância.

Outra opção é usar coleiras e guias para conter ambos, ou caixas de transporte (faça a adaptação à caixa primeiro, o gato não pode estar nervoso dentro dela). Comece com uma distância grande de vários passos e vá aproximando-os aos poucos – para alguns gatos, estamos falando de uma aproximação de dias ou semanas; para outros, minutos. Espere até que eles parem de fixar o olhar um para o outro para diminuir a distância.

Lembre-se sempre de dar petiscos quando ambos estiverem se vendo, isso é para que eles associem a visão do outro gato com uma coisa boa, comida. Você também pode servir as refeições nesses momentos ou pedir ajuda a uma pessoa para que vocês brinquem com os dois ao mesmo tempo, brincar é uma verdadeira terapia e ajuda-os a relaxarem.

 

Etapa 3 – Contato: Entre patadas e lambidas, nasce a amizade

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Quando não se incomodam mais com o cheiro e a visão do outro gato, existe uma chance grande de eles estarem prontos para interagir. É sempre bom fazer essa etapa com ajuda de outra pessoa ou guias, coleiras e caixas de transporte. Prevenir é sempre o melhor remédio, principalmente quando se envolve animais que são caçadores por natureza.

Quanto mais neutro o ambiente em que forem apresentados, melhor. Deixe que eles se aproximem sozinhos e só interfira em caso de uma briga real. Chiados e patadas são normais, é a forma deles de dizer: “aí está bom”, “você já está perto demais” ou “esse canto aqui é meu”.

E é bom que eles conversem e determinem tudo isso, a base para o relacionamento dar certo é o entendimento e respeito mútuo. Quanto mais você interferir, mais vai atrapalhar a conversa deles. Simplesmente sente e leia um livro.

Assim como nas outras etapas, essas interações devem acontecer em períodos que variam de gato para gato. É fundamental, entretanto, que por alguns dias eles só interajam com alguém por perto. Afinal, um petisco aqui, um olhar torto ali e uma briga pode começar em poucos segundos.

É normal que eles discutam um pouco no começo, mas se a coisa apertar, volte para as etapas anteriores. Lembre: paciência é a chave.

 

Dicas adicionais

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  • Aja o tempo todo como se nada estivesse acontecendo, é importantíssimo que você mantenha a calma e tranquilidade para que seu gato, que percebe suas emoções, fique calmo também.
  • Use florais de Bach e/ou o ferormônio Feliway, eles são grandes aliados para conquistar e manter a paz na casa.
  • Interfira o mínimo possível nas interações entre eles, um grito, um empurrão, um bater de palmas seu vai mais piorar do que ajudar.
  • Se precisar separar uma briga, use um papelão ou almofada grande para criar uma barreira entre os gatos – e tente fazer isso com calma, sem desespero.
  • Se algo der errado, comece TUDO de novo. Quando a coisa não está dando certo, insistir no erro é a pior alternativa.
  • Evite criar disputas, tenha tudo em maior quantidade do que o número de gatos: várias caixas de areia, vários comedouros, várias bacias de água pela casa, várias caminhas.
  • Não deixe ninguém ficar com energia acumulada. Brinque muito – e diariamente – com todos os gatos envolvidos. Um gato que brinca é um gato mais tranquilo e feliz.
  • Não desista! Muitos gatos levam meses para se adaptar, outros apenas dias. Pense sempre o que você pode estar fazendo de errado e troque táticas, mude sua linguagem corporal, tente coisas novas. Todo mundo merece uma companhia da mesma espécie – e gatos que começam como piores inimigos podem sim se tornar melhores amigos!

 

Leituras extras

 

Foto inicial: Matt

As demais fotos são o Kvothe e a Vashet, os miaus por trás do Gatinho Branco.