Como ajudar gatos com ansiedade de separação
Atenção: estas orientações são válidas para gatos ADULTOS. Filhotes precisam ficar com a mãe por pelo menos três meses! E após esse período, quando vão para a nova casa, precisam de compaixão e compreensão: eles acabaram de perder a mamãe, que era o mundo para eles! Eles precisam de carinho, companhia e amor. Ninguém separaria um bebê humano da mãe e largaria sozinho, chorando, por várias horas numa casa estranha, não é? Então porque fazer com um bebê gatinho que têm necessidades afetivas semelhantes?
O que é ansiedade de separação?
É quando o gato não sabe lidar com a solidão ou a separação do humano. Ele pode manifestar essa ansiedade, esse medo, essa tristeza de várias formas quando está sozinho: miando, uivando, não se alimentando ou hidratando, apatia, se escondendo, destruindo algo, arranhando portas, vomitando, se lambendo em excesso (pode até machucar), urinando/defecando fora da caixa de areia, ou até demonstrando animação exagerada quando o humano chega, como, por exemplo, comendo desesperado (muitas vezes vomitando depois).
Muitas pessoas que convivem com gatos que têm ansiedade de separação sequer sabem o stress e desespero pelo qual o animal passa quando está sozinho e assumem que os comportamentos observados têm outras causas. Uma grande ajuda para identificar se é de fato ansiedade de separação é observar se os comportamentos ocorrem apenas, ou principalmente, quando o gato está sozinho. Gatos com ansiedade de separação também tendem a seguir o humano pela casa e ter outros sinais de insegurança, como urinar nas roupas ou cama do humano, chupar tecidos. Muitos começam a demonstrar ansiedade e tensão antes de a pessoa sair, miando ou exigindo atenção só de ver o humano se arrumar e pegar chave do carro.
Por que acontece?
Medo, tristeza… O gato fica ansioso por estar sozinho ou sem o humano e não consegue controlar essas emoções negativas, que extravazam em determinados comportamentos. Não é birra (isso não existe!), não é manipulação, não é maldade, não é revolta… É medo, é tristeza! Um gato com ansiedade de separação precisa de compaixão e ajuda, nunca violência, agressividade ou punições.
Ele pode ser um gato traumatizado, que foi separado muito cedo da mãe, ou abandonado por um família anterior, ou vítima de violência, ou sofrer bullying de outros gatos da casa, ou ter passado por uma doença/tratamento difícil, ou que simplesmente não teve oportunidades para desenvolver sua autoconfiança com enriquecimento ambiental e brincadeiras interativas diariamente.
Como ajudar o gato?
- Faça um check-up no veterinário. Sempre elimine causas fisiológicas (“doenças”) quando o gato apresenta um comportamento atípico. Ele pode estar ansioso de ficar longe de você porque não está bem ou sente dor.
- Enriqueça o ambiente. Ele precisa de confiança e consegue isso com um ambiente adequado à espécie, com lugares para escalar, se esconder, olhar a janela, tirar um cochilo.
- Brinque com ele diariamente. A brincadeira interativa simula a caçada que é fundamental para o bem-estar do gato – ele é um caçador afinal, e se sente muito confiante quando consegue caçar um brinquedo de vara. Leia mais sobre isso, aqui.
- Dê algo para ele fazer e se distrair. O tédio é o maior inimigo dos animais domésticos, que têm água, alimento e proteção sempre disponíveis (leia aqui). Dê puzzles (quebra-cabeças), esconda petiscos pela casa, monte uma TV de gato (veja aqui), tenha caminhas e arranhadores perto da janela, coloque música e vídeos para ele assistir (existem vários canais específicos para gatos que passam vídeos de pássaros, veja um aqui).
- Aja casualmente na hora de sair e chegar. Não faça alarde, o gato precisa entender que não é uma despedida para o resto da vida. Se você ficar beijando-o, abraçando, dando milhões de “tchaus”, ele vai sentir sua ansiedade e ficar ansioso também! Saia da casa como se fosse sair do quarto para ir ao banheiro (“tô indo ali e já volto”).
- Dessensibilize-o em relação a objetos causadoras de ansiedade: a chave do carro, sua bolsa, seu sapato, a porta de casa, até o ritual de se vestir e se arrumar. O gato começa a sofrer antecipadamente porque já associa que você vai sair. Para resolver isso, carregue ou mexa nestes objetos várias vezes ao dia, casualmente, sem sair de casa. Faça o ritual de se arrumar. Finja que saiu e volte, dando cada vez intervalos maiores. Assim você mostra ao gato que não está indo embora para sempre.
- Use ferormônios e florais. O Feliway é um ferormonio sintético que imita aquele liberado pelos gatos em momentos de relaxamento e tranquilidade e tem resultados ótimos. Florais também podem ajudar, saiba mais aqui.
- Considere adotar outro gato. Gatos são animais sociáveis que precisam de companhia. Se tem apenas um gato e ele sofre de ansiedade de separação, é hora de pensar em adotar um amigo para ele (leia sobre isso aqui). Mas atenção: não são apenas filhos únicos que têm ansiedade de separação, inclusive, se seu gato sofre bullying de outro (mesmo que você não perceba), pode estar demonstrando ansiedade justamente pelo medo/stress, e por você ser a proteção e segurança dele.
- Hora de pedir ajuda médica! Normalmente as modificações comportamentais são suficientes, mas alguns gatos precisam de uma ajudinha química temporária. Existem desde suplementos (“vitaminas”) que podem acalmar o peludo, até medicamentos psiquiátricos (sim, é claro que gatos também podem ter transtornos mentais! Leia sobre isso aqui).
E, por fim, lembre-se que questões da mente exigem tempo, paciência e, principalmente, compaixão. Seu gato está sentindo sua falta! Tente se colocar no lugar dele e compreender a avalanche de emoções que ele está sentindo e confie em vocês dois para saírem dessa. Ele precisa tanto da sua compaixão quanto do seu encorajamento. Você acreditar nele é o que fará com que ele encontre a confiança em si mesmo e continue amando você e sentido saudades de forma saudável, sem momentos de desespero!
Foto: greyloch