Castração: importância, mitos e dicas

14/10/2020=^.^=

Felizmente, a consciência acerca da importância da castração está se disseminando cada vez mais, porém várias dúvidas ainda podem surgir e muitos mitos continuam resistindo no senso comum. Seja porque está pensando em castrar seu próprio gatinho ou para poder ter a informação na ponta da língua quando for conversar com outros tutores, é fundamental compreender os benefícios da castração e desbancar mitos.

Por que é importante castrar gatos e gatas?

Já existem animais órfãos demais, seja nas ruas ou em abrigos superlotados de ONGs. Cada nova ninhada, mesmo que você já tenha para quem dar os filhotes, tira a chance desses animais órfãos serem adotados – e a vida na rua ou abrigo é muito, muito triste.

Além disso, a castração previne doenças graves como infecção uterina (a temida piometra) e câncer de mama ou nos ovários em fêmeas; câncer nos testículos e problemas de próstata em machos. Ela também pode evitar comportamentos indesejados como borrifar/marcar território, miados excessivos, fugas e brigas.

E, por fim… é importante porque você vai poupar sua gata do stress do cio e seu gato da frustração de não acasalar. Ou seja, animais castrados vivem mais, melhor e ainda ajudam a dar uma chance para os peludos órfãos.

Quando deve ser feita a castração?

Se o gatinho ou gatinha está saudável, pode ser castrado a partir de 3 meses de idade. A prevenção a doenças e comportamentos indesejados é mais eficiente em animais castrados antes da puberdade / primeiro cio, que é por volta dos seis meses de idade – então quanto antes castrar, melhor!

Mas preciso castrar meu gato se ele nem sai de casa?

Sim! Com certeza! A castração não serve apenas para evitar ninhadas indesejadas, ela também previne doenças e comportamentos indesejados, além de oferecer uma melhor qualidade de vida (veja acima o primeiro item sobre a importância da castração). E uma fuga, uma escapadinha rápida, é suficiente para que seu gato cruze na rua – aliás, animais não castrados tendem a fugir justamente para isso!

A cirurgia é perigosa?

Toda cirurgia envolve riscos, mas a castração é um procedimento relativamente simples que bons veterinários estão muito, muito acostumados a fazer. É importante que o animal esteja saudável e, se possível, passe por uma avaliação e exames prévios.

O que é anestesia inalatória?

A anestesia mais barata e mais usada em procedimentos de castração é a injetável (injetada por meio de uma seringa). A inalatória (inalada), porém, é uma alternativa mais segura por permitir maior controle do plano anestésico (o nível da sedação, por assim dizer). Ela é mais cara, exige um espaço melhor preparado em termos de equipamento e, muitas vezes, a presença de um anestesista, mas, se a família tiver condições de pagar, vale a pena pelo nível de segurança que oferece. Se a família não tiver condições, a castração pode ser feita com a anestesia injetável.

Existem casos em que a castração não é indicada?

Existem animais que precisam de atenção especial para qualquer procedimento cirúrgico, já que envolve anestesia e causa queda na imunidade. Por isso é importante que o gato ou gata esteja saudável e com as vacinas em dia, tomadas há mais de 30 dias. Animais idosos ou com problemas crônicos de saúde precisam passar por exames prévios.  Animais doentes ou debilitados precisam se recuperar completamente antes de poder serem castrados. Fêmeas grávidas ou com suspeita de gravidez obviamente não devem ser castradas, já que isso matará os filhotes e causará muito sofrimento psicológico para a mãe.

Como é a cirurgia?

O animal chega em jejum alimentar na clínica, é sedado e “dorme” durante todo o procedimento. Em gatos, os testículos são removidos por um corte pequeno que muitas vezes dispensa até pontos. Em gatas, normalmente é feito um cortezinho pequeno na região da barriga e o veterinário iça o útero para fora com um gancho, ou seja, não precisa abrir a barriga do animal e a fêmea toma poucos pontos.

E o pós-operatório?

A maioria dos machos mal percebe que foi castrado e nem precisa de roupinha. As fêmeas precisam usar a roupa cirúrgica por alguns dias para evitar que elas mesmas arranquem os pontos e abram o corte. Se o veterinário não aplicou antibiótico e anti-inflamatório injetáveis após a cirurgia (que é o mais recomendado e prático em gatos), a família precisa ministrar os medicamentos por via oral. Mas todas as orientações serão dadas detalhadamente  pelo profissional que fez a cirurgia, não se preocupe!

MITOS DA CASTRAÇÃO

Mito: “Não é natural.”
O que não é natural é morrer jovem de um câncer, infecção, briga ou acidente que a castração poderia ter prevenido.

Mito: “É muito caro.”
É muito mais caro cuidar de uma ninhada ou tratar um câncer do que castrar o animal preventivamente. Além disso, várias prefeituras e ONGs promovem mutirões de castração sem custo ou de baixo custo e muitos veterinários fazem preços camaradas para animais adotados, informe-se com veterinários ou grupos de adoção e proteção animal da sua cidade.

Mito: “Precisa esperar o primeiro cio ou primeira cria para castrar uma fêmea.”
Não! De jeito nenhum! Quanto antes for feita a castração, melhor para a saúde e bem estar dela. Fêmeas castradas antes do primeiro cio, por exemplo, têm chance quase zero de ter câncer de mama, mas os riscos aumentam consideravelmente a cada cio que a família deixa passar.

Mito: “Posso dar anticoncepcional e injeções para a fêmea não engravidar, não precisa castrar.”
Não, não, não! Anticoncepcionais estão diretamente ligados a infecção uterina e tumores e são responsáveis pelo sofrimento e morte de milhares de gatas todos os anos. Além disso, a castração não é apenas para prevenir a gravidez, lembra?

Mito: “Logo depois de ser castrado meu animal vai parar com todos os comportamentos indesejados.”
Na verdade, levam várias semanas para o nível de hormônios baixar e o animal começar a apresentar mudanças no comportamento. Além disso, castração não é mágica comportamental, um gato que borrifou território por anos pode continuar fazendo isso por mero hábito (por isso é importante castrar o quanto antes!) e podem existir outras causas não relacionadas a hormônios para problemas comportamentais, inclusive borrifar e marcar território. Leia sobre isso aqui.

Mito: “O animal vai ficar gordo.”
Castração não engorda! O que engorda é alimentação inadequada e falta de exercícios. Casos em que o animal engorda após a castração são causados pelo fato de que ele ou ela, felizmente, não está mais tão ansioso ou correndo por aí atrás de um parceiro e lugares para marcar território, ou seja, está se exercitando menos. É só você manter o peludo ativo e a alimentação balanceada que ele continuará saudável e esbelto.

Mito: “Tadinho, meu gato vai ficar triste.”
Pelo contrário! Seu gato ou gata vai viver uma vida muito mais plena e feliz!

Mito: “Meu gato vai ser menos macho.”
Os animais não têm o ego humano ou conceito de sexualidade, na verdade, eles nem percebem que foram castrados, só se sentem mais tranquilos e menos ansiosos para sair por aí procurando parceiro, brigas e marcando território.

Mito: “Se minha gata tiver uma ninhada, posso dar os filhotes para amigos ou ganhar dinheiro vendendo eles.”
Já existem animais órfãos demais, não é justo tirar a chance deles serem adotados, não é? Além disso, cuidar de uma fêmea grávida e de sua ninhada exige muuuito investimento em termos de tempo e dinheiro, por isso animais de criadores responsáveis são tão caros, porque vida não é brincadeira!

Mito: “Macho não tira as bolas de outro macho.”
Dispensa comentários, né? Homem de verdade se importa com a saúde e bem-estar do peludo acima de preconceitos sem sentido!

 

Fotos: Daisyree Bakker e hehaden