Inimigas silenciosas dos gatos: a FIV e a FeLV
É o pesadelo de toda mãe descobrir que o filho peludo está doente, mas é pior ainda quando o peludo está doente e a gente não sabe. E a FIV e FeLV são tão sorrateiras quanto perigosas. As duas ainda não tem cura.
O grande perigo da FIV e FeLV é que elas transmitem de um gato para outro e podem passar anos no organismo dele sem que você saiba. E quando o diagnóstico é feito, pode ser tarde demais. A maior arma contra elas é a informação, saber que seu peludo é portador e saber detectar os sinais de problemas precocemente podem salvar a vida dele.
Por isso, TODO GATO deve ser testado para FIV e FeLV antes de ser adotado, independente da idade e origem. Isso ajuda a elaborar um manejo adequado e também evita que você traga um gato doente para casa e contamine os seus: animais FIV+ devem viver apenas com outros FIV+, e FeLV+ apenas com FeLV+.
O que são?
A FIV (Feline Immunodeficiency Virus) ou AIDS Felina é causada por um vírus da mesma classe que o HIV, ele diminuí a capacidade do organismo de combater doenças, ou seja, diminui a imunidade. Como a AIDS humana, o vírus em si não é letal, mas qualquer gripe simples pode se tornar um verdadeiro pesadelo da noite para o dia, já que o gato não tem como combatê-la de maneira eficiente. E é aí que mora o perigo: doenças que não seriam tão graves se tornam letais, e de maneira muito, muito, muito rápida.
A FeLV (Feline Leukemia Virus) ou Leucemia Felina também é causada por um vírus e ele também ocasiona deficiência imunológica, mas além disso pode causar câncer nas células sanguíneas (leucemia). Assim como a FIV, não tem cura e qualquer doença pode se tornar letal se não for tratada a tempo. Existem quatro subgrupos de FeLV, alguns com riscos maiores de desencadear leucemia, linfomas e anemia.
Como ocorre a transmissão
Basicamente, o vírus é transmitido de um gato para outro.
A FIV, como a AIDS humana, é transmitida pelo sangue, principalmente por brigas e mordidas. Já a FeLV é muito mais fácil de ser transmitida: ela “passa” pela saliva e pelo contato próximo, inclusive pela caixa de areia, pelo pratinho de comida ou de água, e também por brigas e mordidas.
Como descobrir se o gato é portador
A única forma de descobrir é fazendo o exame de sangue específico para diagnosticar FIV e FeLV. O exame de sangue comum não detecta os vírus e não pode ser usado para excluir a possibilidade de o gato ser portador. Muitos gatos com FIV ou FeLV simplesmente ficam doentes com mais frequência, mas muitos outros são assintomáticos, por isso todos os gatos, saudáveis ou não, devem ser testados ao menos um vez na vida.
Cuidados especiais com gatos portadores
Se descobrir que seu gato é portador, não desespere: ele não sabe que é portador e provavelmente vai continuar sendo feliz e pulando pela casa como sempre. Pode até ser que ele tenha o vírus e nunca apresente sintomas. É você que terá que tomar algumas medidas para protegê-lo, pense que deve cuidar dele como se ele fosse um bebê, que precisa de um lugar quentinho e proteção de uma mamãe-coruja.
Antes de tudo, peça orientação ao veterinário, ele poderá apontar formas de fortalecer o sistema imunológico que podem ajudar o gato a se manter saudável. A mais importante delas é por meio da alimentação: rações super Premium, no mínimo, e suplementos.
Aumente a frequência das consultas de check up, e em todas elas peça exames de sangue para acompanhar a saúde do gato e detectar qualquer alteração a tempo. Gatos positivos para FIV (chamados FIV+) ou para FeLV (FeLV+) devem ser mantidos exclusivamente dentro de casa, sem acesso à rua ou a gatos desconhecidos, e livres de parasitas – inicie imediatamente o tratamento caso detecte pulgas ou carrapatos.
É óbvio que não se deve causar stress desnecessário a nenhum gato (dar banho sem motivo, força-lo a conhecer visitas de quem ele tem medo, etc), mas principalmente a portadores de FIV e FeLV, já que o stress contribui – e muito – para a queda da resposta imunológica.
E o mais importante: aprenda a detectar problemas. Confira sempre o peso, a pele, a boca, as orelhas, a disposição e apetite do gato. Mantenha tudo anotado (na porta da geladeira, que tal?) e corra para o veterinário a qualquer mudança (se ele comer menos ou mais, mudar a ingestão de água, tiver problemas para ir ao banheiro, ficar mais quieto ou agitado de repente). Lembre-se que gatos são muito bons em esconder que estão doentes e quando os sinais aparecem a coisa pode estar num nível perigoso.
Como proteger o gato que não é portador
Como as duas doenças “passam” de um gato para outro, a melhor forma de proteger um gato saudável é evitar que ele tenha contato com gatos portadores. Isso significa que a melhor proteção é evitar que ele tenha acesso à rua. Além disso, sempre que for trazer um gato novo para casa, certifique-se de que ele não é FIV+ ou FeLV+ antes de apresentá-lo ao seu gato. Existe vacina para FeLV no Brasil (a V5), mas sua eficiência não é 100% comprovada.
Gatos saudáveis e gatos com FIV ou FeLV podem viver juntos?
Uma pergunta comum, e uma resposta direta: não. Como ambas as doenças são transmissíveis, ou seja, podem “passar” de um gato para o outro, o risco de manter gatos saudáveis e gatos portadores juntos é muito alto. Gatos com FIV precisam viver com outros gatos com FIV, e os com FeLV com outros gatos com FeLV.
E por fim… Quão grande é o seu coração?
Pelo motivo explicado no item anterior, infelizmente muitos gatos FIV+ ou FeLV+ acabam passando a vida toda em abrigos esperando uma família que os adote. Então se você não tem nenhum gato, ou tem um FIV+ ou FeLV+, que tal adotar um novo peludinho e salvar uma vidinha de ficar condenada a envelhecer em um abrigo? Gatos com FIV e FeLV precisam de muito carinho, muito colo, muito amor… e costumam retribuir à altura!
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Foto: Jon Haynes Photography