Quando os gatos eram deuses…

30/10/2016=^.^=

Hoje, os gatos já superaram os cachorros em popularidade. Eles ganham comida, água fresca, caminhas, móveis, brinquedos e muito amor, quando e onde quiserem. Eles ficam com a melhor parte da cama e temos o maior sentimento de culpa quando nos mexemos à noite e acordamos um deles. Mas, apesar do tratamento de rei, os gatos já foram mais que isso. No Antigo Egito, eles eram deuses.

As Divindades Felinas

Estátua de Bastet no British Museum
Estátua de Bastet no British Museum, Inglaterra.

Existiam três deusas representadas como felinas na antiga mitologia egípcia: Mafdet, Sekhmet e Bastet. Mafdet, que acredita-se ser a mais antiga das três, era representada com a cabeça de leoa e acreditava-se que ela caçava os injustos e levava seus corações de presente para o Faraó, como um gato que traz presas para seu humano. Sekhmet também era representada com a cabeça de uma leoa, a melhor caçadora que os egípcios conheciam, ela era deusa tanto da guerra quanto da cura.

A mais popular entre as três, entretanto, era Bastet (ou Bast). Representada incialmente com a cabeça de uma leoa, a imagem mais popular se tornou a de uma gata doméstica sentada, ou de uma mulher com cabeça de gata, com ou sem gatinhos ao pé. Era um dos deuses mais populares do Egito Antigo, associada ao lar, mulheres, fertilidade e proteção.

 

Como Viviam os Gatos

Por serem sagrados para Bastet, os gatos viviam livres pelas cidades egípcias e machucá-los era crime, punível com a morte segundo alguns estudiosos, além de que desencadearia a ira da deusa. Segundo o historiador Heródoto, em ocasiões de incêndio, guardas vigiavam o fogo para garantir que nenhum gato corresse em direção às chamas.

Os gatos ganhavam joias com escritos em hieróglifos e eram considerados membros da família. Quando um gato morria, era mumificado e sepultado, muitas vezes ao lado de provisões para a vida após a morte, como pratinhos de leite e ratinhos mumificados. Além de que sua família passava por um período de luto da mesma forma como passava por parentes humanos.

Por caçarem cobras, roedores e outros animais que ameaçavam a saúde da população e as colheitas, os gatos tiveram um papel importante na sobrevivência e êxito do Antigo Egito – a História possivelmente teria sido muito diferente sem eles. E é aos egípcios que temos que agradecer pelos nossos peludos de hoje: foram eles que domesticaram o Felis silvestris libyca, que foi posteriormente levado ao Império Romano e se transformou no gato doméstico de hoje (saiba mais sobre isso clicando aqui).

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Múmias de gatos no British Museum, Inglaterra.

 
A Cidade de Bubastis

Com aumento da popularidade de Bastet, a deusa ganhou um templo na cidade de Bubastis, onde os gatos viviam como deuses e eram cuidados pelos religiosos com dinheiro dos peregrinos. Heródoto conta que o templo de Bastet em Bubastis era o mais belo de todos os templos do Egito e seu festival era o mais elaborado e popular, com visitantes que vinham de longe pelo Nilo para homenagear a deusa e comprar amuletos em forma de gatos.

Ser deus, entretanto, tem seu lado ruim: como a população de gatos do templo não tinha predadores e crescia exponencialmente, algumas ninhadas eram mortas para controle populacional, sendo que os gatinhos eram mumificados e vendidos como relíquias.

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Ruínas atuais da cidade de Bubastis, que foi devastada por um terremoto.

 

A Batalha de Pelusium

Sabendo da importância dos gatos para os egípcios, em 525 A.C., quando Cambyses II marchou para conquistar a cidade de Pelusium, ele reuniu centenas de gatos e soltou-os no campo de batalha à frente de seu exército. Com medo de lutar e machucar os animais, o exército egípcio rendeu-se e entregou a cidade.

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Reconstrução do jogo Second Life Golden Delta de estátuas de Bastet.